sábado, 29 de novembro de 2008

INCA ALERTA: Pediatras dêem mais atenção ao câncer infantil

Este é o apelo que fazem o diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini, e o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Renato Melaragno. Os dois participaram do lançamento nesta quinta-feira (27), Dia Nacional de Combate ao Câncer, do estudo "Câncer na criança e no adolescente no Brasil: dados dos registros de base populacional e de mortalidade". O levantamento mostra que o câncer já é a primeira causa de morte por doença em crianças entre 5 e 18 anos, perdendo apenas para óbitos por causas externas como violência e acidentes. Os tumores infantis correspondem a 3% do total de cânceres no país. A previsão é que até o fim do ano 9,5 mil novos casos sejam diagnosticados em 2008, um a cada hora.“Os sintomas de câncer são muito semelhantes aos de outras doenças da infância. O pediatra tem que incluí-lo no painel de possibilidades de diagnóstico. E normalmente ele não pensa nisso. Quando uma criança tem câncer, a família toda adoece. Quando essa criança morre, a família fica doente para sempre. Não há tratamento para isso.” - afirma Melaragno. Mas segundo Santini, o diagnóstico precoce é fundamental para que os pequenos pacientes atinjam a cura, que atualmente pode chegar a 85% dos casos, dependendo do tipo. “Diferentemente do que ocorre com o câncer em adultos, quem faz o diagnóstico do câncer infantil não é o oncologista. É o pediatra, o médico de família. E estudos mostram que entre a primeira visita ao pediatra e o diagnóstico há um intervalo de quatro a seis consultas. Isso pode ser um tempo muito grande. O objetivo é encurtar ao máximo esse tempo” - afirma Santini. O levantamento realizado pelo Inca é o primeiro a reunir dados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Vinte cidades enviaram dados sobre a doença: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Distrito Federal, Fortaleza, Goiânia, Jaú, João Pessoa, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo, Vitória. O Rio não foi incluído no estudo porque, segundo o Inca, não há registros da Secretaria estadual de Saúde. As leucemias são o tipo de câncer mais comum entre crianças e adolescentes em todo o mundo. No Brasil, elas representam 29% dos casos. Já os tumores do sistema linfático (linfomas) representam 15,5% dos casos e aqueles do sistema nervoso central, 13,4%. Das 20 cidades que forneceram dados epidemiológicos para o estudo do Inca, Goiânia é aquela com maior incidência de câncer em crianças e adolescentes. Mas os médicos disseram não poder afirmar que a estatística está relacionada ao vazamento de Césio em 1987. Entre 1999 e 2003, foram registrados 212 casos em meninas e 249 em meninos. A média nacional é de 108 casos para meninas e 160 para meninos. A medicina ainda não sabe por que o câncer é mais freqüente em indivíduos do sexo masculino. Em relação à mortalidade, a média é de 40 óbitos para cada um milhão de crianças. Mas se há 30 anos a taxa de mortalidade era de 85%, hoje, em alguns casos, esta é a porcentagem da chance de cura. Segundo os médicos, os fatores de risco não estão claros. Pesquisas mostram que consumo de determinadas drogas e alimentação incorreta da mãe podem contribuir para a incidência de câncer nas crianças.

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