sábado, 2 de junho de 2012

Quando a quimioterapia é dispensável.

Entrevista concedida ao Jornalista Gelcio Cunha pelo Diretor Presidente da Clinica São Vicente, no Rio de Janeiro, em maio de 2009. Parace que foi feita hoje.

sábado, 30 de maio de 2009


Quando a quimioterapia é dispensável? - entrevista com o Dr. Luiz Roberto Londres, dono da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro


O Diretor Presidente da Clínica São Vicente, na Gávea, Rio de Janeiiro, Dr. Luiz Roberto Londres, 8 anos depois, não mudou seu pensamento em relação a uma entrevista que deu para a Rádio CBN na qual afirmou que não era favorável ao tratamento com quimioterapia em pacientes em estado pré-terminal. Apesar do avanço da medicina e das novas drogas que surgiram para combater a maioria dos tipos de câncer, o dono da casa de saúde mais chique e mais cara do Rio de Janeiro (médico cardiologista e empresário) afirmou que não pode deixar de lado os princípios médicos: - se eu tenho uma missão direta ou indireta de tratar as pessoas necessitadas, eu não posso desviar minha conduta, porque estas pessoas colocam em nossas mãos toda a confiança. Então, seguir o preceito médico da medicina é fundamental ou podemos transformá-la num ritual macabro", afirmou Dr. Londres, que nos recebeu em sua luxuosa sala, ao lado da Jornalista Olenka Lasevitch, sua assessora de imprensa. Ele respondeu diversas perguntas de forma bem clara, sendo questionador quando o assunto foi a responsabilidade do Estado para previnir e tratar doenças. Deu sua opinião a respeito da luta do vice presidente da república, José Alencar, para continuar vivendo e falou também do drama vivido pela Ministra Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff, candidata do Presidente Lula para sucedê-lo no Palácio do Planalto.



GC: Porque o senhor acha a quimioterapia desnecessária para pacientes em estado pré-terminal ou com poucas chances de recuperação?

























- resposta para esta e outras perguntas somente na próxima sexta-feira quando publicaremos a segunda parte da entrevista do Dr. Luiz Roberto Londres. CASO QUEIRA OUVIR A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA, CLICK NO SINAL DE PLAY ACIMA.

GC: O INCA - Instituto Nacional do Cancer, no Rio de Janeiro, é considerado referência no tratamento do cancer, mas recebe pacientes de todo o Brasil, muitos deles recomendados por políticos. O hospital, embora muto bem dirigido, está cada vez mais sobrecarregado e muitos pacientes acabam não se tratando. Aliás existem informações que mais de 80 por cento dos portadores de cancer hoje no Brasil não conseguem tratamento médico e a maioria deles acaba morrendo. Como o senhor analisa esta situação?

Dr. Londres: Acho que não. O cancer dela é perfeitamente tratável. A Ministra pode ter a doença controlada e viver muitos anos sem problema, mas também com relação a Ministra Dilma eu reafirmo, cada caso é um caso, se bem que não vejo motivo de maiores preocupações. Ela precisa apenas de cuidados médicos e isso já vem acontecendo.

GC: E a Ministra Dilma Rousseff, a doença pode impedí-la de ser candidata a presidência da república:

Dr. Londres: Existem muitos casos de pessoas com mais de 90 ou mais de 100 anos que sentem prazer de viver. Enquanto isso acontecer a vida deve ser vivida intensamente, de acordo com a capacidade física e a lucidez de cada um. No caso do vice presidente ele demonstra esta vontagem extraordinária de viver a ponto de se oferecer para testar em seu organismo uma nova maneira de tratamento do cancer, procurando um centro mais avançado que o nosso, nos Estados Unidos, onde esta droga, aplicada diretamente nas células doentes, será testada no organismo do José de Alencar. Isso é muito válido. E quem sabe dá certo?

GC: Como o senhor vê a luta do Vice Presidente José de Alencar para continuar vivendo?

Dr. Londres: Você fez uma boa pergunta. Uma pessoa que está descelebrada, biologicamente ela pode servir de doador de orgãos e pode se desligar os aparelhos. Isso a Igreja e a justiça permitem. Não podemos, no entanto, generalizar em medicina, é bom sempre lembrar que medicina tem normas gerais aplicadas a casos particulares. Quantas vezes deparamos com pessoas que dizem claramente: "não quero continuar vivendo"; sabe que não tem um horizonte pela frente e as medidas chamadas heróicas, para prolongar a vida, talvez não tenham sentido numa hora desta.

GC: A Igreja e a justiça aceitam a morte cerebral mesmo com o coração batendo. Isso tem a ver com seu pensamento ou é diferente?

Dr. Londres: Os avanços da medicina podem representar muito pouco se não forem bem usados. É fundamental que os meios que forem colocados a disposição do médico, seja diagnóstico ou terapêuticos, saibam ser usados da maneira certa. Você pode prolongar uma vida indefinidamente sem nenhuma vantagem para ninguém. Pelo contrário, com desvantagens, um coração batendo ligado a tubos, ligado a soros, qual o siguificado disso? - este assunto eu converso inclusive com pessoas da esfera religiosa para verificar pensamentos a respeito. Podemos prorrogar uma vida que em si já acabou como vida humana, passando a ser apenas uma vida biológica? como se fosse um animal, sem alto consciência, o que a Igreja diz a respeito disso?

GC: Mas e o avanço da medicina não é uma esperança a mais para estes pacientes?

Dr. Londres: Existem duas formas de se encarar esta situação. Um medelo biológico e outro biopsico social. Eu insisto no questionamento sobre o que é melhor para o paciente como um todo, viver mais ou viver bem? - cada um vai dizer uma coisa. No meu caso eu prefiro viver bem e não ser prisioneiro do próprio corpo em cima de uma cama, a não ser que me sentisse bem fisicamente e tivesse uma boa lucidez. Cada caso é um caso para ser definido e um médico não poderia a priori ter uma norma especifica sem conversar com o paciente, a quem cabe tomar decisões junto com o médico.

GC: Mas não existe aquele ponto de vista de que deve se usar todas as maneiras possíveis para manter um paciente vivo?

Dr. Londres: O que é melhor para um paciente viver mais ou viver bem? - acho que é ter uma qualidade de vida melhor. E é melhor você viver prazeirosamente 6 meses do que viver um ano sofrendo com os efeitos colaterais de uma quimioterapia.

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